“Até na morte os garotos eram um problema”
É com essa frase que Colson Whitehead começa o livro ganhador do prêmio Pulitzer 2020. E é uma escolha muito feliz, para nos preparar para o que vem a seguir. Em “O Reformatório Nickel” o autor conta a história de Elwood, um garoto negro, morador da cidade de Tallahassee na Flórida da década de 60, em meio às ações afirmativas dos negros em busca de direitos fundamentais. Como por exemplo: frequentar os cinemas, sentar em qualquer lugar nos ônibus, e frequentar restaurantes. O garoto, fã do Dr. Martin Luther King, o escuta frequentemente em sua vitrola e sonha com dias melhores. Até que o Reformatório Nickel entra em sua vida a transformando para sempre. O Livro é dividido em três partes igualmente tensas e revoltantes. É um livro atualíssimo e que mesmo passando-se à décadas, traz os sonhos do garoto e do próprio reverendo King fazendo eco às ações de hoje, como a “Black Lives Matter”, contra a violência policial. Aquela luta infelizmente, ainda está longe de acabar. Outra importante mensagem que o livro deixa é que vale a pena lutar. Aquelas pessoas que foram mortas ou presas pela polícia na década de 60 são responsáveis pelos direitos que os negros tem hoje. Da mesma maneira que os mortos e torturados pelos militares na mesma década aqui no Brasil, são responsáveis pela liberdade que temos hoje. Mesmo que no momento, frágil.
Apesar de denso, o livro é curto e de fácil leitura. E para fechar com chave de ouro, tem um final tragicamente lindo que ninguém está esperando.
Se prepare para se emocionar, se revoltar e principalmente, ler um retrato cru do que os negros passaram pós escravidão, e não se engane, continuam passando até hoje. Um tapa na cara dos brancos privilegiados que negam o racismo(apesar de que esses não lerão).
⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️
DICA DE LIVRO: O REFORMATÓRIO NICKEL

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