CONTO: MENINA DE RUA

Menina da rua (que não devia ali estar), dar-te-ei um chá de rosas, pra limpar a alma, com calma, já que do mundo também é a rua. E a rua é tua, mas deveria ter casa pra morar, boneca pra brincar, espelho pra se maquiar, brilho no olhar. Tudo que a dependência tirou do teu desabrochar, tu vais recuperar.

Combinamos assim: pra almoçar dou-te o pão da paz. De sobremesa tu escolhes: um sonho ou um amor fugaz, que vem bem rápido (os dois), mas o segundo, um amor como de pai, que não acaba jamais. Mudamos o teu caminhar, o pé descalço não faz mais sentido. Teu cachimbo não será mais preciso, trocaremos por um livro. Viverás rodeada deles! Servir-te-ão de apoio, de escada. De travesseiro, de mesa, de estrada. De preferência, que sejam os de poesias, aquelas que falem em harmonia e que nas horas de medo te deem abrigo (à mente, porque o corpo é conduzido por ela, geralmente).

Cantarás alegres canções e não temerás o futuro, porque a rua que tirou o teu sorriso será agora tua aliada. Mostrar-te-á encantadores entardeceres, até te preencher o escuro, onde tu farás uma oração e um novo dia despertará contigo, sem que percebas.

Mesmo que seja por um só dia. Mesmo que seja só um sonho. Mesmo que ali você continue e minha conjugação passe despercebidamente da segunda para a terceira pessoa, enquanto eu por aqui possa lhe oferecer apenas a minha oração. Sei que não posso conduzir seu corpo, tampouco a sua mente, mas, quem sabe oriente sua alma, como um barco, para outro porto…

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