Padece a sociedade. Falta às pessoas, ar respirável e justiça. Náusea, tontura, cambaleiam as pernas… O corpo social se paralisa. Greve geral! Declara a carne em definhamento. Convulsionam-se os membros e as instituições. Cai o governo, desgovernam-se. As bocas rosnam e babam insanidade. Os olhos embotados de lágrimas e horror. Espalha-se o câncer e a violência. A Ordem oprime, desvia a atenção, dispersa, falseia. Estancam-se os fluxos sanguíneos, fundem-se os órgãos em massa disforme. Desordenam-se as estruturas psíquicas e coletivas em revolução. Guerreiam as células e funções, as ideologias da vida e da morte. Regurgita-se a má consciência. Cessam-se as atividades motoras. Transpira de medo, grita e chora o corpo febril e distinto em sua auto incubação. O corpo atado pelo Poder se quebra, se desconstrói, se desmonta, se reata, se refaz. Renasce de si mesmo. Novamente corpo-ser. Atravessou a linha, o devir… O pós-humano, o pós-capitalismo. A morte do que tem que morrer é lei. Exorciza-se, extirpa-se o putrefato, arde em febre e delira até revelar a cura na doença!
CONTO: A FEBRE DO RATO

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