Da janela do quarto de hospital seu pai e amigos observam seu nascimento.
Você não pode ouvi-los nem vê-los, mas sente a presença deles.
E a vida segue.
Da janela da escola sua mãe observa seu primeiro dia de aula.
Você não pode ouvi-la, mas acena com carinho e medo.
E a vida segue.
Da janela do ônibus escolar seus amiguinhos te observam.
Você não pode ouvi-los, mas entende o gesto de cada um.
E a vida segue.
Da janela de sua faculdade você é observado por uma grande empresa.
Você não pode ouvi-la, mas ela vai te oferecer muito dinheiro e a sua vida vai mudar.
E a vida segue.
Da janela de sua suntuosa casa você observa a rua.
Do lado de fora uma criança pede pão, mas você não pode ouvi-la.
E a vida segue.
Da janela da sua sala no trabalho você observa seus funcionários.
Do lado de fora, um trabalhador pede paciência. Mas você não pode ouvi-lo.
E a vida segue.
Da janela do seu carro você observa a paisagem.
Do lado de fora pés descalços pedem piedade. Mas você não pode ouvi-los.
E a vida segue.
Da janela do avião você observa o mundo.
Do lado de fora o povo pede igualdade. Mas você não pode ouvi-los.
E a vida segue.
Da janela de seu caixão você observa as crianças, seus funcionários, os pés descalços e o povo, todos chorando sua morte, e pede perdão.
Mas eles não podem te ouvir.
E a vida segue
Eh, nunca é tarde para se quebrar uma janela, quando se está vivo! 🙂
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