POESIA: O MAR NÃO SE ABRIRÁ PROS JUSTOS

Introdução:

Temo o extremismo. Temo pelo facto de compreender o perigo que representa para a liberdade de cada cidadão, ainda que consubstanciando sempre que a liberdade de cada um de nós deve estar sempre alinhada com princípios morais e éticos subjacentes ao bem comum, algo que parece chocar com os agentes da modernidade líquida descontruida por Zygmunt Bauman, que em prol do propósito individual, parecem esquecer-se da empatia. Portanto, percecionamos hoje muitas pessoas que se fecham numa bolha ideológica, pois servem-se de uma panóplia de argumentos, para aguçar o seu ego em vez de promoverem uma sociedade mais justa. Juntemos a esta equação a ignorância, que nos impede de compreender a história, a ciência, e sobretudo nos prejudica a capacidade de aprender a pensar. Desta mescla de factores vemos e sentimos o que não queriamos percecionar, tal como o racismo estrutural que por vezes parece tão vivo como no período da colonização.

O mar não se abrirá para os justos

Poderia ter sido;
Outro negro qualquer;
Mais um que tivesse vivido;
A dor de alma que ninguém quer…

Será em vão a morte?
Mero atrofio do destino?
Quando nos alienam a sorte;
Todo o ato parece maligno…

Poderia ter sido;
Um caucasiano genérico;
Daqueles que negam o racismo;
Em tom colérico…

Os tais que ainda não descobriram;
Que partilham o genoma;
Com aqueles que odiosamente subjugam;
Terá cura a ignorância regada com soberba?

O mar não se abrirá para os justos;
Nem para os ímpios;
Mas a terra se fechará para todos;
Sem levar em conta a cor dos seus filhos…

Enquanto poeira cósmica que somos;
Materializada fugazmente;
Em seres humanos;
Pouco exploramos a causa imanente…

O preto não pode ir para a sua terra;
Se o branco não acordar;
Um só pedaço perfez a pangeia;
A sua omissão faz o mal perdurar…

O universo não sabe da nossa felicidade;
E ignora a nossa existência;
Porque então o desgaste pela materialidade;
Se o nosso tempo a cada segundo perde fulgência?

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