Entre as flores de algodão,
Melancolicamente entoado,
Para o embalo da fria e dolorosa labuta,
Reinventou-se,
Com progressão de acordes,
Com a melodia nas raízes do jazz
O suingue vibrante dos solos de guitarra,
Cantando o estado de espírito…
Superficialmente conheço o Blues,
Ou deduzo que o conheço,
Assim como suponho conhecer-me,
Sei da origem dele,
Assim como sei da minha
Meu “barômetro” se perde em pensamentos:
O do Blues em poesia…
Sou uma obra em andamento,
Indefinida, imperfeita,
Com ruídos desarmônicos,
Ante o clássico
Expressivo, sensual e vigoroso
O suingue paroxístico
A rítmica de poética simples,
Harmônica e perfeita…
Não resisto ao seu balanceio superno,
Mesmo que o quisesse.
Assim como o Blues,
Eu também hei de mudar,
Ele invita à introspecção
Assim como em seu compasso ritmado,
Os pensamentos ondeiam,
Urdindo vários modos de experimentar o mundo
Já não sou o mesmo eu que residia em mim,
Não serei o mesmo do porvir…
Habita-me um grupo sucessivo de “eus”
Refuso o eu acabado e finito
Fora de mim, alheado ao que penso
As escaladas pentatônicas do Blues…
Olhando para dentro,
Antessinto o fluir do redivivo.
Translúcido, alumiado
Eu e minha cisma
O Blues é ignaro,
Composição e compositor, não.
Aleatoriamente tropológico
Pude sorvê-lo como um bom Merlot
De repente, flagrei-me a espreitar a filosofia,
Com a harmonia da gaita de boca,
Acerquei-me do saber…
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