POESIA: ACANHADA

Há quem chore de alegria.

Há os que choram por tristeza.

Há os que não têm força nem para chorar.

Secaram as lágrimas.

Deu-se a estiagem de sentimentos.

A alma racha como o solo.

E, as fendas se encontram no inconsciente.

A gritar passivo por ajuda.

No agreste, o mandacaru reina soberbo.

No charco, o arrozal encharcado vive solenemente.

No corpo o peso da água é mais da metade.

Somos águas-vivas.

No planeta, setenta por cento é água.

Somos praticamente água

imersos em mais água.

Diluímo-nos.

Ficamos irreconhecíveis

Mas, ainda há a lágrima que

não quer existir.

A dor que não quer aportar

nesse oceano de mágoas.

No cais da sobrevivência,

as amarras apodrecem.

Silenciosamente.

Gradualmente.

Até que nos vem a desatar.

Espetáculo cíclico.

Sustentáculo mítico.

A mentira é uma verdade acanhada.

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