Arrasto os pés no cascalho,
o som irritante me remete a outros tempos…
Há sempre um sol novo no céu,
testemunha de atuais momentos…
Eu te encontrava ali,
perto do salgueiro-chorão…
Sonhávamos sonhos impossíveis,
em nossa juventude de ilusão…
A árvore, tal como eu, está apodrecendo;
somos dois velhos corpos,
ambos estamos morrendo…
Em breve sumiremos,
não faremos parte de mais nada…
O amor que vivi se perdeu, murchou,
baixa de guerra, fim de jornada…
Uma foto apagada resume a nossa história,
felicidade falsa impressa em papel…
Por que tudo sempre é mais bonito na memória?
Não há nada tão patético quanto a saudade…
Por isso, sigo me arrastando,
deixando fiapos de lembranças secas pelo caminho,
enquanto trilho meus últimos metros de indignidade…
A vida, como o pior dos carrascos, é isenta de piedade.
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