Da favela de vila vintém, quem vem? Quem vem?
Reluzente, pérola negra, Moça bonita…
Benzida por padre Miguel, com água Santa, tem
Alma de criança, eterna infância, soltando pipa
Brincou na rua, rodou pião, a vida virou…
Lata d’água na cabeça, casamento e violência
Gravidez e continência, morte e doença
Deus, era só quinze de adolescência
Cercada de morte, aos vinte e um, outra vez
Viu a tuberculose lhe dar nome de arte:
Soares, que com Elza um matrimônio fez
Mas com a filha, a felicidade novamente parte
Fez-se a louca, a solta, a outra
Dominou a música, o futebol e a glória
Mas a morte, cruel e sempre pronta
A cruzar sua estrada, marcar sua história
Entre a garoa de São Paulo
A saudade, o calor e o sol do Rio
Ditadura, tiros, novos planos
Será que Roma faz muito frio?
A luz tem nome de Manoel
O ciúme tem nome de dor
A morte, apelidada de cruel
Pai e filho vão, fica o amor
Do planeta fome para o dinheiro
Voz rouca, talento e parto
É consagrada no mundo inteiro
Mas trocaria tudo pelos quatro
Para nós, pedra negra de intenso brilho
Reluz, na música a libertação
Nossa voz, nossa luta, nosso trilho
A trilha que narra nossa nação
Sensacional! Parabéns pelo poema, Ulisses!
CurtirCurtir