Sombrio – Gisele Leite

A manhã era apagadiça
O sol brilhava timidamente
Por entre nuvens coadjuvantes
Os pássaros cantavam amuados.
Havia algo sinistro no ar…

O breve uivo do vento.
O olhar transversal dos passantes.
Um silêncio intrínseco.
Insuportável evento.

Diante da dobradiça
A chave decifrava convincente.
Os presentes insistiam em ser ausentes.
Havia algo sombrio no ar…

A notícia da morte do mestre.
O luto encardido
Lágrimas pungentes.
Vocábulo mordido.

Exéquias.
Capela.
Corpo e rito.

Fim do enterro.
Fim das obséquias.
Então, o fim nos atropela.

O discurso.
O gesto molhado de lágrimas.
A ideia de um busto.
Almas magérrimas.

Tropeçando no percurso.

Escorre na latrina
o grande significado de tudo.
Eis a doutrina:
Somos mais iguais na morte.
Que na vã alegria.

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3 comentários em “Sombrio – Gisele Leite

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