
Ela se foi…
A minha vida se foi,
O que sobrou somente engana.
Na solidão de meus dias,
Imerso nessas aguas frias,
Somente dor, de mim, emana.
Sim, eu sei…
Caminhos que nunca trilhei,
Serpenteiam-me, à lembrança;
Num labirinto de memórias,
Tentando inventar estórias,
Sorrio, como uma criança.
Sei que minto,
Só dói um pouco,
Quase não sinto.
Ela morreu
Levando tudo que era meu,
Só me restou essa carcaça;
Que a fome atra d’alcateia
Comeu a carne podre, atéia,
Como come a seda, a traça.
Nada de mim…
Nada sobrou… No fim,
Eu fui somente ilusão.
Todo meu ser, sem gravidade,
Se foi às asas da saudade;
Aos poucos, torno escuridão.
Ela se foi….
Quase não sinto,
Só dói um pouco…
Sei que minto….
Poema metalinguístico… Bom! Poeta fingidor, finge a dor que deveras sente… Poeta esfinge de si próprio: a Dor, hoje em dia (ou a de sempre), é tanta que não carece ser inventada.
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Amigo, você não cansa de me deslumbrar com seus textos. Parabéns pela sua genialidade 👏
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Itamar, como sempre, brilhante!
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