
Adalgisa não queria ir naquela festa de aniversário, mas devido a insistência de seu irmão Marcos, ela e seu noivo foram. Conhecendo bem, tanto um como o outro, resolveu voltar dirigindo, para isso, não consumiu nem uma gota de álcool.
Ao contrário das expectativas dela, a festa foi muito divertida, com comes e bebes a se fartar, o que levou os dois rapazes a encher o caneco. Quase duas horas da manhã, resolvem ir embora, mas, num certo trecho da rua, o irmão que estava no banco de trás, pede para parar o carro que ele queria mijar.
Desceu, mas curioso, andou um pouco mais, pois algumas velas acesas lhe chamaram a atenção. Lá de fora, ele gritou.
— Olha isso, comida e uma garrafa da boa.
— Larga isso! É oferenda para algum santo, não se pode mexer nessas coisas. Gritou a irmã.
O rapaz riu e voltou para o carro trazendo o frango e a pinga. — E desde quando santo come sua tonta?
— Leve isso de volta, pelo amor de Deus. Implorou a moça.
— Que nada cunhado, vamos levar essa penosa para casa, assar e comer. A manguaça a gente toma agora. Fala o noivo, caindo na risada.
— Irmãzinha, estou cansado de chutar essas macumbas e nunca aconteceu nada. Além do mais, esse franguinho está gordo para desperdiçar, e assado com farofa dentro, é uma delícia.
A moça assustada, viu que não conseguia convencê-los com seus argumentos e resolveu dar partida no carro, porém, tudo apagou.
— Minha nossa! O carro não pega. Imagina se a pessoa que ofereceu essa entrega aparecer, vamos nos dar mal.
— Meu amor, quem faz essas macumbas, nunca volta para verificar o que aconteceu, essas coisas, eles fazem escondidos aos olhos de curiosos.
Tentaram ligar para o seguro através de seus celulares, mas nenhum deles funcionou. Os risos cessaram, pois, a situação ficou preocupante, saíram do carro para buscar ajuda, quando na frente deles, surgiu um homem, de tamanho descomunal, com capa preta de capuz, cujo rosto não se visualizava. A moça e o noivo ficaram paralisados, mas Marcos enfrentou.
— Que foi meu? O que quer com a gente? Vá dando o fora, você pode ser grande, mas somos três.
Uma mão esquelética levantou o rapaz e a voz sepulcral determinou.
— Devolve o que é meu, se não tens respeito por tu mesmo, tenha pelo que não te pertence.
Não se sabe o que Marco viu dentro daquele capuz, mas de olhos esbugalhados e as calças molhadas, silenciosamente, entrou no carro, pegou o frango, a pinga e colocou no lugar de onde tirou.
Quando retornou, o homem havia desaparecido e o casal dentro do carro em funcionamento.
fantástico
CurtirCurtir