A última testemunha – Itamar FS

Revoa os pássaros febris a suas tristes gaiolas

– Estou à registrar suas passagens:

Vagos, discretos, voam ao anonimato,

Cambaleando uns nos outros – perdidos!

Bem ao longe, o limiar da aurora desponta:

A noite está se indo com eles,

Arrastando seu pesado manto escuro,

Agonizando lentamente à inciso golpe – maviosa luz –

Obrigando os vazios desorientados a

Buscarem buracos para se esconderem de si mesmos.

E eu… 

Eu fui deixado para trás, esquecido:

Um inseto sem asas, sem patas, sem vida,

Incapaz de se mover.

– A última testemunha de si mesma.

E o vento soprava silêncio;

E o silêncio abraçava o cortejo das ondas;

As ondas apagavam as pegadas na areia;

A areia, por fim, esquecia da noite;

A noite, comigo, morria…

Somente o mar há de lembrar…

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